E chega! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo.
Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregado no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca, cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Chet Baker numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo.
Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte do amor. Quero ser lembrado em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, homem, et, megero, maluco e, ainda assim, olhado com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura.
E quando eu tiver tudo isso e um menino bobo e invejoso me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor.