A morte afeta, não importa se ela vem logo ou pondera a vir. Quando ela chega, afeta. Que seja qualquer ser vivo…
Lembro de uma vez que eu fiquei no quintal da minha casa brincando com formigas e aqueles bichinhos tatu bola, que se encolhem e viram bolinha, sabe? Fiquei toda uma tarde e me diverti demais, fui dormir pensando nos dois, iguaizinhos àqueles do filme Vida de Inseto. Quando acordei, fui pra aula e voltei no muro onde os tinha deixado, provavelmente eu não ia achá-los e aquele seria um dia que passou e deixou lembranças, mas eles estavam lá, do mesmo modo. Só que imóveis. Eu não lembro que idade eu tinha, mas lembro que foi a primeira experiência com a morte afetando algo que havia me deixado feliz. E foi rápido, um dia eles estavam lá, outro dia não. Não sei ao certo o que aconteceu, talvez foi eu mesmo brincando e cansando eles, mas sei lá, a morte afeta e ela sempre vem. Isso foi me passado pela primeira vez. Dá para se criar as melhores lembranças antes que ela chegue ou ter medo da sua presença, mas para que a segunda opção? Imagine quantos sorrisos se pode arrancar de uma única lembrança de algo vivo, algo que tem seu destino e suas necessidades igual a nós. Imagine quanto se pode aproveitar sem ter medo? Quanto se pode aprender, criar, experimentar e principalmente… Viver. Aproveite, viva. Aproveite vivendo.